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Jovens luso-descendentes culpam «falta de líderes» pela fraca auto-estima dos portugueses
2012-07-08
Alguns dos jovens luso-descendentes, que participaram no sábado em Joanesburgo num encontro promovido pela secretária regional madeirense Conceição Estudante, culparam a «falta de líderes em Portugal» pela fraca auto-estima dos emigrantes e dos portugueses em geral.

Na sessão promovida pela secretária regional madeirense da Cultura, Turismo e Transportes, Conceição Estudante, Daniel de Castro, um dos jovens luso-descendentes presentes, confessou sentir-se «muito triste» quando ouve os primos e outros amigos dizerem que sentem vergonha em serem portugueses.

O jovem, de pouco mais de 20 anos, afirmou que «Portugal precisa de um novo D. Afonso Henriques para unir a nação, incluindo a sua diáspora», pois a falta de líderes é um dos factores que provocam a falta de auto-estima entre o povo português.

As muitas dezenas de empresários, profissionais, dirigentes comunitários e estudantes que participaram no encontro, subordinado ao tema 'Comunidades - Pensar Global', num hotel de Joanesburgo, aplaudiram a intervenção daquele luso-descendente, particularmente depois de ele defender que «todos deveriam ter um grande orgulho nas suas origens e raízes», tal como ele disse ter.

Outros participantes partilharam a mesma ideia de que os líderes políticos portugueses ignoram os que partem para outras paragens, nomeadamente fora da Europa, onde as comunidades emigrantes se sentem mais «abandonadas».

Nelson de Jesus Gonçalves, outro luso-descendente de raízes madeirenses, criticou também a falta de liderança dos governantes portugueses, que não «fazem a ponte» com as suas comunidades espalhadas pelo mundo, pedindo acção urgente junto da diáspora.

«Não pedimos dinheiro. Pedimos que criem mecanismos de facilitação, que façam a ponte entre nós, o país de origem e a lusofonia. Porque não se usa o 'know-how' de agricultores de sucesso que vivem na África do Sul para por exemplo desenvolverem a agricultura na Madeira, em Portugal continental ou mesmo nos países africanos de língua portuguesa? É essa facilitação, esse reacender de laços que é necessária», disse aquele luso-descendente.

José do Nascimento, advogado luso-descendente residente em Joanesburgo, denunciou vários casos de portugueses residentes na África do Sul, devidamente identificados, que perderam quantias substanciais de dinheiro por terem investido em produtos que lhes foram oferecidos pela banca portuguesa e que «simplesmente se evaporaram».

Outros oradores, neste e noutros encontros entre as comunidades portuguesas e em particular madeirenses, em várias cidades sul-africanas, com Conceição Estudante nos últimos oito dias, identificaram a fraca auto-estima de muitos portugueses e luso-descendentes como um dos mais sérios impedimentos à auto-afirmação e identificação da comunidade na sociedade de acolhimento.

Num balanço a este périplo pela África do Sul, que termina na segunda-feira, a secretária regional da Cultura, Turismo e Transportes disse à Lusa que encontrou uma comunidade bem enraizada, bem integrada e de uma maneira geral «bem-de-vida», com uma boa situação financeira, mas que, acima de tudo, identificou, no seu diálogo com as pessoas, várias áreas para serem trabalhadas entre os governos central e da região autónoma e os portugueses da diáspora.

«Esta sessão (em Joanesburgo) sumariza bem o balanço que faço. Identificámos várias áreas, fez-se um esqueleto ao qual é preciso dar carne e consistência. E penso que há aqui áreas que devem ser muito aproveitadas, sobretudo na geração mais nova, que já tem condições financeiras mais favoráveis, com os quais é necessário criar canais e fóruns de debate, entre as diferentes comunidades, para encontrar em conjunto melhores soluções e oportunidades», disse Conceição Estudante.

Entre as queixas que escutou, a secretária regional tomou nota das extremas dificuldades de ligações aéreas entre a África do Sul e a Madeira desde que a TAP deixou de voar para este país, problemas de comunicação entre os que vivem fora e as suas regiões de origem e outras.

Hoje, Conceição Estudante visita a igreja de Nossa Senhora de Fátima, um local de culto e de convívio social de muitos portugueses que residem na zona leste de Joanesburgo, e onde nasceu o Fórum Português, uma das mais activas associações da comunidade na actualidade.

Diário Digital com Lusa, aqui.

 

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